Tempo: A Origem do Sofrimento

E se todo o seu sofrimento estivesse ligado à forma como você percebe o tempo?

Este conteúdo deu origem a um vídeo no YouTube, onde aprofundo alguns pontos e compartilho insights adicionais. Confira aqui:

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Você já parou para pensar que grande parte dos seus problemas pode estar relacionada a algo que parece inevitável: o tempo?

Já deixou de fazer algo hoje por conta de uma experiência ou memória negativa que teve no passado? Ou já sentiu uma profunda sensação de vazio dentro de você, que te coloca em uma constante busca por salvação no futuro ou satisfação nas coisas externas?

A verdade é que esse é um estado de espírito onde a maioria das pessoas vive. Esse constante movimento mental é a raiz de todo o seu sofrimento. Mas e se eu te dissesse que há uma maneira de sair dessa prisão? Vamos entender.

A identificação com a mente

Todos os problemas têm origem em uma disfunção básica: a identificação com a mente — que nada mais é do que o acúmulo de fatos passados e anseios futuros.

Uma das distinções mais importantes que você pode fazer é da sua vida e da sua situação de vida. A situação de vida é coisa da mente, e ela existe no tempo. Mas a vida de verdade? Essa acontece agora — não tem nada a ver com o seu passado pessoal.

Tempo psicológico e tempo relógio

Quando você se identifica com a mente, gera um acúmulo do que é chamado de tempo psicológico — aquela carga mental pesada de tudo o que aconteceu no passado e de tudo o que você teme ou deseja que aconteça. Isso cria uma barreira que te separa da sua verdadeira essência agora e cria diversos padrões de pensamentos negativos.

Por outro lado, quando você vive no estado de presença, está utilizando o chamado tempo relógio, que é uma forma prática de utilizar o tempo — sem se identificar com ele.

É, por exemplo, quando você define uma meta no futuro, mas dá total atenção ao passo que está dando neste momento — sem reduzir o agora a apenas um meio para atingir certo fim. E também quando você usa um fato de seu passado para aprender e melhorar quem você é agora — e não para definir a sua identidade.

A ilusão do tempo psicológico

Por que o tempo psicológico é tão problemático? Simples: porque ele te rouba a única coisa real e valiosa que você tem — o agora.

Você nunca viveu um único dia no passado e nunca viverá um dia no futuro.

O passado é apenas uma lembrança de um “agora” que já passou, e o futuro é uma projeção mental de um “agora” que pode ou não chegar — e, quando ele chegar, vai chegar sendo agora.

O agora é o tempo vertical onde toda a sua vida se desenvolve. Tudo fora dele é uma ilusão criada por sua mente. E quando você se prende nessa ilusão, se separa da própria vida — que é o agora.

Você não é a sua mente. Não retire o seu senso de identidade dela.

A maior parte das pessoas vive tão sobrecarregada pela situação de vida ligada ao tempo que perde por completo a percepção da vida no presente.

Elas ficam presas na mente — identificadas com o passado, sempre em busca de algo — de uma salvação no futuro. Mas há algo muito mais profundo em você. Você não é a sua mente.

Quando você se identifica com sua mente, se reduz a um pequeno e frágil conjunto de ideias, conceitos e abstrações. Daí surge o falso eu — uma pequena ideia na mente que não tem nada a ver com quem você realmente é.

Use o tempo, mas sem se identificar com ele

Ok, agora você deve estar se perguntando: “Mas como eu faço para usar o tempo sem me identificar com ele?” Afinal, vivemos em uma sociedade que se organizou em volta do tempo.

A resposta é simples, mas difícil de aplicar: use o tempo apenas para lidar com exigências práticas e pontuais do seu dia a dia.

Se você vive perdido no tempo e quase nunca está presente agora, inverta essa lógica — torne o agora o ponto central de sua vida e faça rápidas visitas ao tempo, apenas quando for necessário para lidar com alguma exigência no momento presente.

Desidentifique-se de sua mente

A melhor forma de quebrar as inúmeras camadas de ilusão criadas pela disfunção da identificação com a mente é olhar para os eventos do seu passado que o seu falso eu se identificou — eventos que criaram crenças disfuncionais em você, como escassez, não merecimento, mágoa e ressentimento — e reconhecer que nada disso define a sua identidade. Você é aquele que tem uma crença, e não a crença em si.

Jogue fora todo o lixo mental. Aprenda com eles. Se pergunte: “Como posso aplicar esse aprendizado para melhorar o meu agora?” Aquilo que não servir, simplesmente descarte. Você não precisa mais disso.

Estabeleça metas para o futuro, mas mantenha o foco no passo que está dando agora. Logo, vai perceber que, no passo que você dá agora, está contido todos os outros passos, assim como todo o seu destino — como a secularidade de um carvalho contida em sua semente.

O seu falso eu foi construído dentro do tempo, é uma ideia mental. Uma ideia é frágil e facilmente substituída por outra ideia, então ele se sente ameaçado pelo presente. Ele vai tentar de todas as formas te desviar do agora, mas insista nessa prática e você conseguirá aumentar cada vez mais o seu poder de presença e cada vez mais diminuir seu falso eu.

Não existem problemas reais

Quando você se dá conta de que não está presente, você já está presente. Esse é o primeiro passo. No começo, esses momentos de presença serão curtos. Mas quanto mais você praticar, mais fácil será escolher desviar o foco da atenção do tempo para a presença.

Perceber o agora também é perceber que não existem problemas. Só existem situações que com que você precisa lidar neste momento. E, se você não tem capacidade de lidar com isso agora, simplesmente aceite este fato como uma parte do seu agora. Quando o momento de agir chegar, a ação adequada surgirá de maneira natural em você.

Tudo estará à sua disposição quando você aprender a viver o instante na sua totalidade.

— Dreamer em A Escola dos Deuses

Viva menos da mente e mais da essência

Essa mudança de consciência é profunda, mas transformadora. Perceber e viver no agora vai te libertar da prisão do tempo, quebrar seu frágil e limitado falso eu e colocar o poder de volta em suas mãos.

A vida não é algo que acontece no passado ou no futuro — ela acontece agora, como um tempo vertical. Essa é a “Porta Estreita que conduz à vida”, nas palavras de Jesus.

A cada vez que você se observar preso em pensamentos sobre o passado ou o futuro, lembre-se: a vida está acontecendo aqui e agora. E é nesse presente que você tem o poder de retomar a consciência de quem você verdadeiramente é.

Caminhe pela Porta Estreita.

Meu nome é Diego, e essa é a minha contribuição.

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