A Lição de Marco Aurélio que Mudou a Forma como Consumo Informações
A ideia que me levou a substituir o fast food digital por uma dieta mais rica e equilibrada de informações
Consumo.
Nunca houve antes uma época na humanidade onde o consumo fosse tão abundante como hoje é. Não somente de alimentos, mas também — e principalmente — de informações.
Mas o que acontece quando o consumo se torna excessivo e automático?
A maioria das pessoas hoje estão viciadas em entretenimentos superficiais com altas doses de dopamina sem esforço. Todos somos vítimas deste sistema onde seu objetivo é nos manter distraídos.
Ele é o nosso maior inimigo nos tempos modernos.
Em meio à este contexto de decadência intelectual onde sociedade se encontra, surge uma grande oportunidade: como podemos nos aproveitar do vício em informações das outras pessoas para nos alavancar e materializar a realidade tão sonhada?
E o que Marco Aurélio pode nos ensinar sobre isso?
Seja bem-vindo ao Dreamer’s Club, sua newsletter semanal focada em trazer expansões de consciência e meios de ação para retornar ao estado de integridade que te pertence por direito de nascimento — e ver seu sonho realizado.
Marco Aurélio, ex-imperador romano, escreveu a seguinte reflexão em sua obra Meditações há mais de 1800 anos atrás:
“Tua inteligência será idêntica àquilo que pensares frequentemente, em uma paridade entre as ideias que alimentas habitualmente a tua inteligência; com efeito, a alma se tinge das ideias. Assim, tinge tua alma alimentando assiduamente ideias cuja contemplação lhe tragam imediato conforto.”
Ao ler isso, percebi o quanto Marco Aurélio foi à frente de seu tempo com essa reflexão, pois ela nunca foi tão atual e possui um efeito exponencial em nossa geração.
Com o vício em informações nas redes sociais, estamos expostos o tempo inteiro a conteúdos que influenciam diretamente a nossa psique. Estes com frequência transmitem negatividade, mediocridade, erotização, medo e ansiedade.
Essa é a qualidade da maioria do cardápio de ideias disponíveis na internet para o nosso consumo; as ideias que colorem nossa alma.
A humanidade só está começando a ver os primeiros vestígios dos efeitos causados pelo consumo desenfreado de “fast food digital” no cérebro e no comportamento humano.
Não é atoa que a palavra do ano de 2025, segundo o dicionário de Oxford, é “brain rot” ou “podridão cerebral”. Nunca houve antes na história da humanidade uma geração tão depressiva, ansiosa e com um comportamento tão bestializado.
Entretanto, e se nós seguíssemos o conselho dado por Marco Aurélio e escolhêssemos intencionalmente as ideias com as quais alimentamos a nossa inteligência, trocando o fast food por uma dieta mais rica e equilibrada de informações?
Assim como nosso corpo é equivalente aos estímulos nos quais é submetido diariamente, também nossa mente anda em paridade com a qualidade dos pensamentos e das ideias que a alimentamos habitualmente.
Meus hábitos de consumo na internet mudaram drasticamente depois de entender isso.
Estou fazendo o seguinte para me blindar contra este inimigo, evitando o vício em consumo e ainda aproveitando deste contexto para construir o seu sonho:
1. Estabelecer um filtro e um tempo limite para o consumo de informações
Você com certeza conhece uma pessoa que, em todo tempo livre, pega o celular e começa a “scrollar” compulsivamente, em uma frustrada tentativa de se distrair da dura realidade a sua volta.
Talvez, você mesmo seja essa pessoa. Também fui por muito tempo.
Para eliminar o vício em consumo de conteúdos, é essencial separarmos um tempo específico em nosso dia somente para essa atividade. Assim, estaremos treinando nosso cérebro a entender que, enquanto esse momento não chegar, não é hora de consumir informações; e quando chegar, que não precisa fazer mais nada além disso.
Pode parecer pouca coisa, mas disciplinar o nosso organismo desta forma é o primeiro passo para uma vida mais livre e um espírito mais forte.
Faço isso em minha vida por meio de uma agenda, onde separo em meus dias um bloco de 30 minutos a 2 horas para ingerir boas informações. Costumo dedicar 1 hora para a leitura e 1 hora para o estudo de aulas, cursos e podcasts.
Na newsletter anterior, abordei mais detalhadamente sobre o efeito de ter uma agenda dividida em blocos de tempo em nossa produtividade e felicidade. Convido-lhe a ler caso não tenha visto, com certeza complementará bem este conteúdo.
Esse autocontrole e essa organização do tempo torna o consumo muito mais agradável e proveitoso, pois elimina aquela sensação de culpa e ansiedade de que deveríamos fazer algo melhor.
Como já disse, dedico os blocos de consumo em meus dias para a leitura de bons livros e para os estudos. No entanto, quando comecei essa mudança, era muito viciado e vídeos curtos, então estabeleci um limite de 15 minutos por dia para ficar scrollando, com o objetivo de reduzir este tempo gradativamente.
Funcionou muito bem e hoje já não tenho mais qualquer interesse por gastar meu precioso tempo e contaminar minha radiante alma com a radiação emanada pelos vídeos curtos — mais precisamente pela dopamina barata e sem esforço.
Uma enorme transformação acontece dentro de nós quando começamos a sentir e perceber o impacto positivo do consumo de informações ricas e profundas em nossa vida. Nos tornamos mais inteligentes, atraentes, interessantes e capacitados.
Esses comportamentos, antes extremamente desafiadores ao nosso cérebro, passam a ser sua maior fonte de dopamina, pois oferecem-no uma recompensa sólida e palpável que vale a pena o esforço para obtê-la; ao contrário da “recompensa” advinda de fontes onde o esforço é zero — drogas, álcool, cigarro, pornografia, conteúdos rasos e superficiais —, onde rapidamente se esfarelam com tempo.
Passamos a apreciar o processo de autodesenvolvimento e a gostar da dor do crescimento. A partir deste ponto, não há mais volta: somos como um trem encaixado nos trilhos.
Portanto, devemos assumir a responsabilidade por tudo aquilo que permitimo-nos consumir, tendo consciência da influência destas ideias em nossos pensamentos, nossa inteligência e, com efeito, nossa alma.
Isso pode ser feito ao criar uma espécie de filtro mental onde somente as informações verdadeiramente engrandecedoras podem passar.
Principalmente para nós homens, ter uma boa batalha para qual lutar é essencial para manter nossa saúde física, mental e espiritual. Gosto de enxergar cada livro, aula, treino, projeto e situações desconfortáveis como um campo de batalha para a conquista da realidade que sonho viver.
“Os soldados mais fortes não são descobertos em tempos de paz, e sim resistindo em meio suas próprias guerras.” — Júlio Cesar
Lutemos nossa própria guerra interior contra a voz da mediocridade.
2. Aprender a contemplar o tédio (e o silêncio)
Já observou uma criança quando está sem nada para fazer? Ela rapidamente encontra ou inventa algo para se entreter. Daí nasce toda a criatividade — e também toda traquinagem.
“O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência como o mármore não talhado é rico em escultura.” — Aldous Huxley
O silencia é a única válvula de escape para o vórtice do mundo com seu turbilhão de estímulos e afazeres; e é também a essência da meditação.
Meu primeiro contato com a meditação foi quando tinha 18 anos; influenciado pelos conteúdos de desenvolvimento pessoal que consumia na época. Lembro-me de ter sentado em meu quarto, fechado os olhos, tentado aquietar minha mente e, tão logo, chegado à conclusão: isso não é para mim.
Mas graças a Deus insisti nesta prática e hoje só tenho a agradecer. Com o tempo, meditar foi ficando cada vez mais prazeroso, e hoje é inegociável.
Senti sensações que nunca havia sentido antes: cada célula do meu corpo inteiramente presente e a mente livre de pensamentos; sentindo a própria vida acontecer dentro de mim.
Hoje, com 22 anos, essa sensação mágica não é mais tão intensa como quando comecei a prática, mas ainda assim incomparável contra todas as formas de prazeres mundanos.
O momento de silêncio, de contemplação do tédio, de estado de presença, se tornou meu momento favorito do dia.
A meditação educou o meu cérebro a se desligar dos estímulos do mundo e a se sustentar unicamente com a natural presença do meu ser: ao sentir do vai-e-vem da respiração, a atenção plena à percepção de cada sentido, a imersão total ao silencioso e sempre sereno microcosmos interior ao qual dá origem a tudo que vemos e percebemos no mundo.
Graças a meditação e a contemplação do tédio, hoje consigo fazer atividades que a maioria das pessoas considera extremamente entediantes e pouco-estimulantes com extrema facilidade e por longos períodos de tempo.
Ler, estudar, treinar, correr, caminhar na natureza ou simplesmente ficar sentado no banco da praça — tudo isso sem a necessidade de estar com um fone de ouvido, pois o silêncio se tornou a minha melodia favorita.
O tédio precede a criatividade.
É no silêncio e na solitude onde nossa alma realiza a alquimia da digestão das informações que consumimos e produz novas e melhores ideias; unicamente nossas, prontas para serem manifestadas no mundo.
“O estudo confere ciência, mas a meditação, originalidade.” — Marquês de Maricá
É quando estou caminhando em meio às árvores ou sentado na penumbra do meu quarto à noite onde melhor posso ouvir a Deus, percebê-lo e ser direcionado por Ele.
Da mesma forma como estabeleci um limite para o consumo de informações, criei também um tempo em minha agenda diária dedicado para ficar em silêncio, totalmente livre de estímulos artificiais, contemplando o tédio. Neste tempo medito, passeio, papeio, observo, contemplo, vivo.
Exercitemos nosso cérebro a contemplar o tédio e a perceber o poder que há no silêncio.
3. Consumir menos e criar mais
Quantas pessoas você conhece que criam coisas úteis com as informações que consomem? São raríssimas.
Todo input precisa de um output. Tudo ingerido precisa ser digerido e colocado para fora. Caso contrário, nos tornaremos obesos mentais.
Quando nós consumimos intencionalmente informações que tingem nossa alma com boas ideias, naturalmente nos tornamos mais interessantes e nos interessamos por algum campo específico. Me interessei por filosofia, autodesenvolvimento e espiritualidade, por exemplo.
A partir deste ponto, por que não nos aproveitar do vício em informações da maioria das pessoas para criar conteúdos aqui na internet e relatar nossa história de vida, os aprendizados, os principais interesses, as reflexões que temos?
Começar a criar transforma também a nossa visão de mundo, nos fazendo sempre identificar o lado positivo dos acontecimentos, para podermos compartilhar aqui na internet e ajudar alguém que também já passou por isso, está passando ou poderá passar; e ainda sermos extremamente bem-recompensados por isso.
Criar dá um sentido extremamente elevado à nossa vida. Pouquíssimas pessoas são criadoras; a maioria são consumidoras assíduas e passivas.
Quando tornamos pública nossa jornada de autodesenvolvimento, naturalmente vamos atrair pessoas interessadas pelas mesmas coisas que nós e identificadas com nossa personalidade única. Talvez você esteja aqui pois se identificou comigo, com minha personalidade ou forma de pensar, por exemplo.
Desta forma, vamos criar nossa própria tribo. É um processo extremamente satisfatório de se fazer: Consumir → digerir → criar.
Com a abundância de informações em nossas mãos, basta filtrar as melhores, estabelecer um tempo limite para não exagerar no consumo, separar um tempo para meditar e digerir essas ideias, e, a partir de então, criar.
Criar àquilo que gostaríamos de ver no mundo, que o outro precisa e que ninguém mais pode dar além de nós.
Para eliminar o cansaço digital, a obesidade mental, e o vício em consumo, as informações consumidas precisam ter um sentido, um propósito. E qual propósito é mais poderoso a servir o próximo e receber por isso?
Além do mais, como é evidente a escassez de criadores e a abundância de consumidores, quando criamos nos destacamos facilmente de 99% das pessoas.
Isso pois, quando criamos, estamos:
Tingindo a nossa alma com boas ideias e bons pensamentos;
Reforçando as informações em nossa memória;
Estabelecendo novas conexões neurais entre os aprendizados;
Aumentando nossa capacidade cognitiva;
Aprimorando nossa habilidade de articular ideias;
Melhorando nossa comunicação escrita e falada;
Ampliando nosso repertório intelectual;
Ajudando outras pessoas;
Criando um terreno fértil para o florescimento de um negócio de sucesso;
Deixando um legado pessoal na internet para nossos filhos.
Todas essas qualidades nos colocam à frente de qualquer pessoa, pois a sociedade emburrece a concorrência cada vez mais; por meio dos vícios, dos incentivos disfuncionais, da inversão de valores e dos ambientes corrompidos.
Alguém que estuda, aprende, ensina, cuida de si, possui um amplo repertório, segue seus próprios interesses e se comunica bem é como um radiante símbolo de luz na escuridão dos tempos atuais.
Sendo assim, é essencial termos em nossa rotina diária um tempo dedicado para a criação: escrever um texto sobre os aprendizados, sobre o capítulo do livro atual, sobre um fato vivido… Esses textos escritos podem ser transformados em vídeos no YouTube. Basta lê-los captando nossa voz e, se quisermos, também nosso rosto.
As possibilidades de criação são infinitas. Portanto, consumamos menos e criemos mais.
Minha reflexão final
Se a nossa alma se tinge das ideias que a alimentamos frequentemente, a pergunta essencial é: se continuarmos consumindo as mesmas informações que consumimos hoje, quem nós seremos daqui a 5 anos?
Esta única pergunta tem o poder de mudar tudo.
Recapitulando, para vivermos uma vida em paridade com o conselho dado por Marco Aurélio há mais de 1800 anos atrás e evitarmos sermos vítimas deste sistema corrupto que tem como seu maior objetivo nos manter distraídos e controlados por meio dos vícios, precisamos:
Estabelecer um limite de tempo em nossos dias para consumir informações e criar um filtro mental para separar as que são funcionais das disfuncionais;
Aprender a contemplar o tédio, criando um tempo em nossa rotina para ficarmos livres de estímulos artificiais;
Passar a criar uma grande obra a partir das ideias que tingem a nossa alma.
São estes os meus passos e que você também pode seguir para se alavancar enquanto a sociedade pende para o abismo do hedonismo; e combater o bom combate contra este inimigo e todas as suas tentativas de distração para te manter distante do seu verdadeiro propósito: sonhar.
Um homem íntegro e sonhador é a maior ameaça do sistema, pois o sonho é a coisa mais real que existe: o invisível dá forma ao visível.
Sonhe grande, pois é a sua capacidade de sonhar a determinar o seu destino. Além da inteligência, o que verdadeiramente tinge a nossa alma é a amplitude do nosso sonho.
Espero que este conteúdo agregue verdadeiramente em sua vida. Sonhe mais
Sou o Diego,
Te vejo em breve.
Escrito em uma quinta-feira, dia 13 de fev. de 2025 às 06:44 p.m.